No mundo do comércio eletrônico, o dropshipping tem se tornado uma prática cada vez mais comum. Contudo, por trás da conveniência dessa modalidade de venda, escondem-se riscos significativos para os consumidores, que muitas vezes desconhecem os meandros desse modelo de negócio.

Para trazer mais luz sobre o assunto, o programa Consumo em Pauta recebe nessa semana, o advogado especializado em Direito do Consumidor, Paulo Eduardo Akiyama, para falar sobre os perigos associados ao dropshipping e os cuidados que os consumidores devem tomar antes de efetuar uma compra online.

O que é dropshipping

O dropshipping é um sistema no qual a empresa vendedora atua como intermediária entre o consumidor e o fornecedor, sem possuir estoque próprio. Esse modelo pode ser atrativo pela aparente praticidade, mas esconde armadilhas que podem prejudicar o consumidor.

Akiyama destaca que, embora não seja ilegal, é fundamental que os consumidores estejam cientes de que estão comprando de um dropshipper. Muitas vezes, essa informação não é transparentemente fornecida ao consumidor, o que pode levar a expectativas não correspondidas e problemas na entrega dos produtos.

Um dos principais pontos de atenção é a falta de clareza nas informações fornecidas durante o processo de compra. O advogado enfatiza que os sites de venda devem informar claramente quem é o fornecedor do produto e de onde ele está vindo: “No entanto, muitas vezes essas informações ficam ocultas em letras miúdas no final da página, levando o consumidor a concordar com termos que nem sempre compreende integralmente”.

Além disso, a demora na entrega é uma queixa comum entre os consumidores de dropshipping. Akiyama explica que muitos produtos vêm de países como China, Estados Unidos ou Canadá, o que pode resultar em prazos de entrega prolongados, muitas vezes não condizentes com as expectativas do comprador.

Responsabilidade solidária

Outro ponto crítico abordado pelo advogado é a questão da responsabilidade solidária dos envolvidos na cadeia de venda. Desde o fabricante até o intermediário, todos têm o dever de assegurar que o produto chegue ao consumidor em conformidade com o anunciado. No entanto, é comum que, em casos de problemas, os consumidores se vejam perdidos em uma burocracia complexa, sem saber a quem recorrer para resolver suas demandas.

Ele explica que, em caso de problemas, o consumidor deve, primeiro, procurar quem lhe vendeu aqui no Brasil. Se a compra foi realizada em marketplaces (Mercado Livre, Magalu, Amazon, entre outros), o consumidor deve procurar atendimento nesses sites, já que eles são responsáveis por autorizar alguém a vender ali.

Cuidado com os golpes no sistema dropshipping

Para evitar cair em golpes de dropshipping, Akiyama oferece conselhos práticos. Ele enfatiza a importância de pesquisar sobre o vendedor, verificar sua reputação em sites de reclamação e manter-se atento a ofertas que parecem boas demais para serem verdade. Além disso, recomenda ler atentamente os termos e condições antes de efetuar uma compra e buscar por indicativos de legitimidade, como CNPJ e garantias do produto claras.

Ao final da entrevista, Akiyama reforça a necessidade de conscientização por parte dos consumidores, ressaltando que o barato muitas vezes pode sair caro. Ele alerta para a importância de proteger o próprio bolso, evitando compras por impulso e tomando precauções necessárias para garantir uma experiência de compra segura e satisfatória.

Em suma, o dropshipping oferece conveniência, mas também apresenta riscos significativos para os consumidores desavisados. Ficar atento aos detalhes e tomar medidas preventivas pode ajudar a evitar dores de cabeça e prejuízos financeiros no mundo do comércio eletrônico”, finaliza ele.


O programa Consumo em Pauta é apresentado pela jornalista Angela Crespo todas as segundas, às 17h, com reapresentações diárias em mesmo horário e, aos finais de semana, às 14h, na Rádio Mega Brasil Online.

O programa também é disponibilizado, simultaneamente com a exibição de estreia, no Spotify, e em imagens, na TV Mega Brasil.